FILMES PREMIADOS
Ao longo de duas semanas, em dezembro de 2022, o júri do FINTCH participou de uma pequena maratona composta por 62 filmes entre longas e curtas-metragens de 18 países.
Foram cerca de 14 horas diante da telona e dentro do escurinho da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, respirando e transpirando aquilo que de melhor o FINTCH apresentou ao público carioca em sua primeira edição.
Ao fim da jornada, o resultado da difícil e doce tarefa de escolher os melhores dentre os melhores apontou e colocou em evidência quatro pequenas joias do cinema independente contemporâneo mundial dedicado ao humor.
Missão cumprida!
O JÚRI
Daniela Zanúncio
Gabriel Alvarenga
Lucas Marques
Raissa Lima
Victoria de Castro
EL CUENTO DEL TÍO
Melhor Longa-Metragem
EL CUENTO DEL TÍO
Direção: Ignacio Guggiari
2021 / 73' / Argentina
El Cuento Del Tío (em tradução livre, “O Conto do Tio"), é uma expressão em espanhol utilizada principalmente em países da América do Sul para designar um tipo de golpe para se obter dinheiro ou benefícios. É um título esperto e é interessante a forma como o roteirista Nacho Guggiari adapta o termo para o cinema, ao centrar a história em uma família e suas desventuras, deflagradas após a morte de um de seus integrantes e culminado em grandes embaraços causados pela tentativa de obter vantagens financeiras em cima do trágico evento.
É interessante a forma como o filme leva a comicidade a uma premissa trágica. O longa mistura elementos de melodrama e suspense a momentos carregados de um humor de certa forma absurdo, e essa junção entre gêneros enriquece o modo de se contar a história, adicionando nuances na narrativa e em seus personagens.
É um filme que se beneficia do familiar. Conhecemos alguns personagens com estereótipos bem marcados, mas que funcionam por ser bom e bem humorado. A narrativa é bem dinâmica e prende a atenção, mantendo até o final o interesse em acompanhar as peripécias daquela família.
Aliás, o termo El Cuento Del Tío, como mencionado acima, já é um clichê por si só. Então, o filme se favorece desse intertexto com narrativas latino-americanas. Torna-se um filme confortável (pela familiaridade) e divertido, por conseguirmos adentrar com certa facilidade naquele universo.
Por esses méritos, o júri do FINTCH - Festival Internacional de Cinema de Humor – escolheu o filme El Cuento Del Tio como Melhor Longa Metragem de 2022.
Lucas Marques e Victoria de Castro
É interessante a forma como o filme leva a comicidade a uma premissa trágica. O longa mistura elementos de melodrama e suspense a momentos carregados de um humor de certa forma absurdo, e essa junção entre gêneros enriquece o modo de se contar a história, adicionando nuances na narrativa e em seus personagens.
É um filme que se beneficia do familiar. Conhecemos alguns personagens com estereótipos bem marcados, mas que funcionam por ser bom e bem humorado. A narrativa é bem dinâmica e prende a atenção, mantendo até o final o interesse em acompanhar as peripécias daquela família.
Aliás, o termo El Cuento Del Tío, como mencionado acima, já é um clichê por si só. Então, o filme se favorece desse intertexto com narrativas latino-americanas. Torna-se um filme confortável (pela familiaridade) e divertido, por conseguirmos adentrar com certa facilidade naquele universo.
Por esses méritos, o júri do FINTCH - Festival Internacional de Cinema de Humor – escolheu o filme El Cuento Del Tio como Melhor Longa Metragem de 2022.
Lucas Marques e Victoria de Castro
ATITUDE SUSPEITA
Melhor Curta-Metragem Brasileiro
ATITUDE SUSPEITA
Direção: Pietro Sargentelli
2020 / 6’ / Brasil
Atitude Suspeita, com direção de Pietro Sargentelli, executa com sucesso a caricatura de um Brasil político, que carrega traumas passados e recentes.
As inúmeras polêmicas da família presidencial, então no poder no ano de 2022, fizeram esta obra de tema quente e sério ser vista com olhares de humor e sátira pelo texto sagaz do autor e ator Roberto Borenstein.
A direção de Sargentelli comprova a habilidade de realizadores brasileiros em utilizar a escassez a seu favor. Uma história simples, sustentada pela interação entre um único personagem e um objeto inanimado, é representada de maneira dinâmica e interessante, ganhando atenção do público entre trocadilhos bem arranjados e uma sucessão de planos cada vez mais enérgica até a revelação final. O ótimo trabalho de encenação demonstra o comprometimento de toda a equipe, contribuindo para a elevação da obra ao máximo potencial. A ambientação é rica, com bom uso de cenário, figurino e objetos de cena, relacionando o imaginário das políticas autoritárias do passado e presente.
O grande destaque fica por conta da atuação de Borenstein. Sua interpretação é importante por conduzir o espectador ao entendimento da história. Sendo muito bem executada, representa caricatamente um interrogador, que porta ecos de um passado ditatorial e ares de loucura do cenário político contemporâneo.
Por essas qualidades, o júri do FINTCH - Festival Internacional de Cinema de Humor – concedeu a Atitude Suspeita o prêmio de Melhor Curta-Metragem Brasileiro.
Gabriel Alvarenga
As inúmeras polêmicas da família presidencial, então no poder no ano de 2022, fizeram esta obra de tema quente e sério ser vista com olhares de humor e sátira pelo texto sagaz do autor e ator Roberto Borenstein.
A direção de Sargentelli comprova a habilidade de realizadores brasileiros em utilizar a escassez a seu favor. Uma história simples, sustentada pela interação entre um único personagem e um objeto inanimado, é representada de maneira dinâmica e interessante, ganhando atenção do público entre trocadilhos bem arranjados e uma sucessão de planos cada vez mais enérgica até a revelação final. O ótimo trabalho de encenação demonstra o comprometimento de toda a equipe, contribuindo para a elevação da obra ao máximo potencial. A ambientação é rica, com bom uso de cenário, figurino e objetos de cena, relacionando o imaginário das políticas autoritárias do passado e presente.
O grande destaque fica por conta da atuação de Borenstein. Sua interpretação é importante por conduzir o espectador ao entendimento da história. Sendo muito bem executada, representa caricatamente um interrogador, que porta ecos de um passado ditatorial e ares de loucura do cenário político contemporâneo.
Por essas qualidades, o júri do FINTCH - Festival Internacional de Cinema de Humor – concedeu a Atitude Suspeita o prêmio de Melhor Curta-Metragem Brasileiro.
Gabriel Alvarenga
WORK IT CLASS!
Melhor Curta-Metragem Internacional
WORK IT CLASS!
Direção: Pol Diggler
2021 / 8' / Espanha
Work it Class!, dirigido por Pol Diggler, mostra-se uma obra muito original, que transforma em piada uma situação técnica incômoda do meio audiovisual. O curta fisga, primeiramente pela quebra de expectativa, para depois entreter o espectador ao estabelecer um diálogo dinâmico com ele, numa gentil narração que mantém sua atenção de forma sagaz, além de infiltrá-lo no meio de uma audiência de classe alta.
Instaura-se a partir daí um paralelo onde a audiência no cinema parece estar sendo vista e escutada e, por isso, o curta arranca reações e gargalhadas crescentes, parecendo impossível se segurar de querer comentar sobre tal criatividade com o colega da poltrona ao lado e de seguir rindo depois de encerrada a sessão. O que leva o júri a recomendar expressamente a visualização coletiva da obra. Em tempos de retomada às salas de cinema, Work it Class! traz à tona a importância dessa interação social.
A direção de Diggler é esperta, muito bem planejada e prova o poder do humor mesmo utilizando como ferramenta principal a legenda, as expressões e os movimentos dos atores, acima de qualquer diálogo, trilha ou som (apesar da camada sonora ser um capítulo à parte, muito eficiente no aspecto cômico também).
Por fim, o despertar da dúvida do público, em acreditar ou não na falha técnica citada, torna o filme uma enorme brincadeira entre nós e o autor. Ao fim da exibição, Diggler parece ser um novo amigo virtual feito, tamanha a proximidade estabelecida. Sendo fake ou não.
Devido a essas qualidades, o júri do FINTCH - Festival Internacional de Cinema de Humor - nomeou Work it Class! como Melhor Curta-Metragem Internacional.
Daniela Zanúncio
Instaura-se a partir daí um paralelo onde a audiência no cinema parece estar sendo vista e escutada e, por isso, o curta arranca reações e gargalhadas crescentes, parecendo impossível se segurar de querer comentar sobre tal criatividade com o colega da poltrona ao lado e de seguir rindo depois de encerrada a sessão. O que leva o júri a recomendar expressamente a visualização coletiva da obra. Em tempos de retomada às salas de cinema, Work it Class! traz à tona a importância dessa interação social.
A direção de Diggler é esperta, muito bem planejada e prova o poder do humor mesmo utilizando como ferramenta principal a legenda, as expressões e os movimentos dos atores, acima de qualquer diálogo, trilha ou som (apesar da camada sonora ser um capítulo à parte, muito eficiente no aspecto cômico também).
Por fim, o despertar da dúvida do público, em acreditar ou não na falha técnica citada, torna o filme uma enorme brincadeira entre nós e o autor. Ao fim da exibição, Diggler parece ser um novo amigo virtual feito, tamanha a proximidade estabelecida. Sendo fake ou não.
Devido a essas qualidades, o júri do FINTCH - Festival Internacional de Cinema de Humor - nomeou Work it Class! como Melhor Curta-Metragem Internacional.
Daniela Zanúncio
FOR PETE'S SAKE
Menção Honrosa
FOR PETE'S SAKE
Direção: Gerald B. Fillmore
2022 / 13’ / EUA
Em For Pete’s Sake, de Gerald B. Fillmore, a quantidade de referências e a fidelidade de signos do gênero comédia utilizados sempre com muita originalidade, numa mistura que causa nostalgia sem deixar de surpreender, conquistou o júri.
A direção e tudo o que faz parte da linguagem cinematográfica é de extrema maestria, deixando bem explícito o comprometimento de seus realizadores em criar um filme com uma história complexa, mas que se basta como curta-metragem. Além disso, os diálogos são hipnotizantes, capazes de levar o expectador para dentro daquela conversa e da mente dos personagens.
Por fim, a se destacar, a atuação impressionante de Gerald B. Fillmore, demonstrando compreender a complexidade e excentricidade de seu espetacular personagem, a ponto de despertar o desejo de ver mais de sua excelência em muitos outros filmes e obras audiovisuais.
Diante de tamanha originalidade e qualidade impressa na obra cinematográfica, o júri do FINTCH - Festival Internacional de Cinema de Humor – concedeu Menção Honrosa ao filme For Pete’s Sake, de Gerald B. Fillmore.
Raissa Lima
A direção e tudo o que faz parte da linguagem cinematográfica é de extrema maestria, deixando bem explícito o comprometimento de seus realizadores em criar um filme com uma história complexa, mas que se basta como curta-metragem. Além disso, os diálogos são hipnotizantes, capazes de levar o expectador para dentro daquela conversa e da mente dos personagens.
Por fim, a se destacar, a atuação impressionante de Gerald B. Fillmore, demonstrando compreender a complexidade e excentricidade de seu espetacular personagem, a ponto de despertar o desejo de ver mais de sua excelência em muitos outros filmes e obras audiovisuais.
Diante de tamanha originalidade e qualidade impressa na obra cinematográfica, o júri do FINTCH - Festival Internacional de Cinema de Humor – concedeu Menção Honrosa ao filme For Pete’s Sake, de Gerald B. Fillmore.
Raissa Lima